Cirurgias eletivas e violência política marcam Sessão Ordinária
A construção de uma alternativa para zerar as filas das cirurgias eletivas, exames e consultas, assim como a violência política que viceja no país e, em especial, em Santa Catarina marcaram a sessão ordinária de quarta-feira (8) da Assembleia Legislativa.
“Extraordinário o anúncio de ontem do governador de que vai zerar as filas de cirurgias de média e alta complexidade, é uma luta antiga e o governo, em conjunto com a iniciativa privada, praticamente em um mês conseguiu construir alternativas”, elogiou Massocco (PL), acrescentando que serão alocados R$ 225 mi para o programa.
Carlos Humberto (PL), Neodi Saretta (PT) e Oscar Gutz (PL) também destacaram a união de esforços para zerar as filas na saúde.
“A medida foi construída para além do governo, a Assembleia será partícipe, aportando R$ 12 mi, mas também a bancada federal, o Poder Judiciário, o Ministério Público e o Tribunal de Contas, todos irmanados para que Santa Catarina se livre desse número vergonhoso”, completou Carlos Humberto, informando em seguida que no final de 2022 havia 105 pessoas mil esperando uma cirurgia eletiva e 107 mil aguardando exames e consultas.
“Tivemos na segunda-feira duas ações fundamentais que nos mostraram luz no fim do túnel, uma no âmbito federal e a outra estadual: R$ 600 mi inicialmente para ajudar os estados, sendo que parte dos recursos virão imediatamente, inclusive para Santa Catarina; e o segundo ato foi o governo do Estado lançando um programa que deve envolver cerca de R$ 200 mi”, informou Saretta.
O deputado, que na legislatura passada presidiu a Comissão de Saúde, comemorou a inclusão no Orçamento para 2023 de emenda de sua autoria no valor de R$ 50 mi para as cirurgias eletivas.
“Chega das pessoas sofrerem tanto com saúde, mas peço que o programa seja descentralizado, que os hospitais que tenham capacidade e profissionais participem, que seja feito nos hospitais pequenos também”, ponderou Gutz.
Já a deputada Luciane Carminatti (PT) denunciou a violência política em Santa Catarina com ameaças de morte, racismo e lesbofobia contra quatro vereadoras: Maria Tereza Capra, de São Miguel do Oeste; Ana Lúcia Martins, de Joinville; Giovana Mondardo, de Criciúma; e Carla Ayres, de Florianópolis.
De acordo com Carminatti, as vereadoras receberam e-mails com frases ameaçadoras como “a vitória final virá e iremos matar você” e “seus dias e os da sua família estão contados”.
“Essas frases foram lançadas em Santa Catarina, onde a gente vive, foram lançadas contra quatro mulheres parlamentares, vereadores de partidos progressistas. As autoridades estão investigando o caso e analisando medidas que garantam proteção às mulheres vereadoras. Não podemos permitir ou normalizar a violência política. São e serão vigorosamente combatidas”, avisou Carminatti.
Ana Campagnolo (PL) rebateu a colega, defendeu a cassação da vereadora de São Miguel do Oeste, já consumada, e lembrou do caso de um vereador que questionou Carminatti durante uma palestra e que foi escorraçado por colegas de todo estado.
“A vereadora cassada foi condenada a seis anos de detenção, o Ministério Público (MPSC) mandou uma correspondência no dia 11 de janeiro deste ano cobrando a Câmara de Vereadores. Ela foi secretária da Cultura e cinco shows artísticos foram denunciados pelo MPSC. O Tribunal de Justiça condenou a vereadora por envolvimento em fraude licitatória em quatro desses shows”, revelou Campagnolo, justificando assim a cassação da vereadora.
Por outro lado, Marquito (PSOL) se solidarizou com as vereadoras ameaçadas.
“Nossa solidariedade às quatro vereadoras que vêm sofrendo ataques de forma sistemática e orquestrada. Independente de qualquer situação, todo e qualquer parlamentar tem direito a posições divergentes. Não podemos ser injuriados e ameaçados, não podemos permitir que parlamentares sofram, independente do histórico, não podemos permitir injúria e ameaças, inclusive ameaçando a família”.
Primeira vez na tribuna
Napoleão Bernardes (PSD) falou da tribuna pela primeira vez e confessou crer na política como meio de transformação da vida das pessoas.
“A política consegue verdadeiramente transformar a vida das pessoas”, reforçou Napoleão, que rememorou sua trajetória de duas vezes suplente de vereador, vereador eleito e prefeito de Blumenau.
“Esta vivência vai permitir o exercício do mandado, ladeado por grandes deputados e deputadas para garantir a defesa daquilo que for mais justo”, prometeu Napoleão, mostrando-se alinhado às pautas do desenvolvimento econômico e do empreendedorismo.
Lunelli (MDB) também discursou pela primeira vez.
“Há um esgotamento da sociedade com a política tradicional, um grande número de pessoas não se vê representada pelo modelo atual. Não tenho dúvida de que precisamos adotar uma atitude mais clara, estar mais em sintonia com os anseios públicos. Precisamos dar respostas alinhadas com o tempo, falar menos de cargos e indicações e mais em soluções para o contribuinte”, avaliou Lunelli.
Tiago Zilli (MDB) seguiu os colegas e agradeceu o apoio que recebeu na campanha.
“Quero agradecer a todos, a família, meu pai, minha esposa, filhos, a todos que me ajudaram na campanha”, anotou Zilli, que revelou aos colegas ter nascido em Timbé do Sul e migrado para Turvo, onde tem comércio e chegou a prefeito do município.
“Queremos representar muito bem o Sul do estado e a nossa região”.
Desburocratização do Corpo de Bombeiros
Carlos Humberto informou os colegas que apresentou sugestão para desburocratizar os serviços do Corpo de Bombeiros Militar e que a sugestão foi bem recebida pelo Comando da corporação.
“Na próxima semana estaremos encaminhando propositura na Casa, que caminhe no Parlamento com brevidade”, pediu Humberto.
Energia trifásica
Lunelli cobrou do novo governo a implantação da energia trifásica no Oeste barriga-verde.
“Os agricultores de parte do Oeste não contam com energia trifásica em pleno 2023, não temos a caneta nas mãos, mas sabemos que com nossa liderança podemos trabalhar para mudar”.
Depósito abarrotado
Sérgio Guimarães (União Brasil) denunciou que depósito da Secretaria de Estado da Educação (SED) está abarrotado de computadores, notebooks, projetores e lousas digitais.
“Quase R$ 100 mi foram comprados em equipamentos no ano passado, tudo estocado porque não foram entregues às escolas. Só de microcomputadores foram gastos R$ 16 mi, são mais de quatro mil unidades; com notebooks foram R$ 5,5 mi; projetores, R$ 7 mi; e R$ 28 mi foram gastos em lousas digitais”, descreveu o deputado.
Segundo Guimarães, trata-se de um kit (projetor, computador e lousa) que para funcionar precisa de tomada especial nas salas de aula.
“É como escolher a tinta da sala sem erguer as paredes. Houve um exagero sem tamanho nessa compra”, avaliou Guimarães, que apelou ao secretário da Educação. “Dê vazão a esses materiais, para que cheguem na ponta”.
Fundo Estadual de Combate ao Câncer
Neodi Saretta noticiou que apesar do projeto que criou o Fundo Estadual de Combate ao Câncer ter sido vetado pelo Executivo, o diálogo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES) avança.
“Fui surpreendido com um contato com a secretária Carmem, nos convidaram para conversar sobre o projeto, reconheceram que foi um veto às pressas e dessa conversa surgiu o encaminhamento para criar um fundo, uma das alternativas mais simples é derrubar o veto. Vamos encontrar uma alternativa para termos o Fundo Estadual de Combate ao Câncer”.
Dois assuntos
Matheus Cadorin (Novo) foi à tribuna para expressar condolência ao deputado federal Zé Trovão, de Joinville, pelo falecimento do pai, vítima de um acidente de trânsito.
“Que Deus console a todos”.
O parlamentar ainda anunciou a criação de uma Frente Parlamentar de Liberdade Econômica e Inovação, agradeceu os colegas que já assinaram o requerimento e convidou aqueles que não assinaram a fazê-lo.
Universidade gratuita
Pepê Collaço (PP) comemorou o anúncio feito pelo governador durante a leitura da Mensagem ao Parlamento de que o programa “universidade gratuita” prevê contemplar além das universidades integrantes da Acafe, as universidades particulares.
“A nossa preocupação desde quando a questão foi debatida era saber quais universidades estariam inseridas. Tínhamos uma preocupação de que não apenas o Sistema Acafe fosse beneficiado, mas para nossa alegria o governador foi explícito ao afirmar que vai beneficiar o sistema Acafe e as universidades privadas. A Unisul não faz mais parte do Sistema Acafe e pela fala do governador também será agraciada”, ressaltou Pepê.
BR-470
Oscar Gutz pediu a união dos parlamentares do Alto, Médio e Vale do Itajaí para resolver os problemas da BR-470, que liga o Oeste ao Litoral.
“Temos de nos unir e trabalhar pela nossa rodovia, o pessoal do Oeste passa tudo por ali, temos de olhar com carinho, além de buraco, nem faixa pintada tem mais, tem ponte caindo, bueiros caindo. A ponte em Ibirama se comenta há anos que vai cair, mas se cair não sabemos por onde passar”, lamentou.
Ponte do Pontal
Lunelli pediu a atenção do Executivo para a retomada das obras da ponte do Pontal, entre Jaraguá do Sul e Guaramirim.
“Que sejam retomadas com urgência. Uma tubulação de gás no local levou à paralisação da obra, mas a transferência da tubulação foi concluída em novembro e os trabalhos não foram retomados”.
Diálogo prejudicado
Marquito (Psol) ponderou que a nomeação de Rafael Nogueira para o comando da Fundação Catarinense de Cultura (FCC) pode dificultar o diálogo com o setor cultural e com o governo federal.
“A nova gestão do governo federal instalou o Ministério da Cultura. Para Santa Catarina a Lei Paulo Gustavo pode distribuir até R$ 60 mi, mas o anúncio trouxe uma série de preocupações para o setor. No plano de governo, o governador diz que indicaria de acordo com o diálogo e a indicação dos setores. Com o setor de tecnologia e educação foi assim, já no setor cultural indicou uma pessoa que tem rejeição enorme. Corremos o risco de não acessar recursos federais”, previu Marquito.
Complexo hospitalar
Doutor Vicente Caropreso (PSDB) manifestou preocupação com a suspensão do processo de construção do complexo hospitalar de Santa Catarina, que funcionaria onde hoje é o Hospital Nereu Ramos e o Infantil Joana de Gusmão, incluindo no mesmo local o Hospital Celso Ramos e a Maternidade Carmela Dutra.
“Sempre me coloquei contra o local, mas sou a favor do complexo, que seja feito de maneira diferente, em outro local”, afirmou Caropreso.
Foto: Rodolfo Espínola/Agência AL – Fonte: Vítor Santos/AGÊNCIA AL